Resolver problemas que existem
O “grande problema” que as pessoas costumam trazer nas conversas diagnósticas prévias à proposta de acompanhamento quase sempre é, na verdade, apenas o resultado final de uma composição de outras questões, até então silenciosas ou praticamente invisíveis.
E talvez isso esteja relacionado com aquele costume acadêmico bem conhecido de passar muito mais tempo antecipando situações, na expectativa de evitar que problemas aconteçam, do que de fato resolvendo o que é possível pro momento.
Percebo que isso acontece em diferentes momentos, mas posso citar como exemplo aquele trabalho hercúleo de fichar diversos textos que não precisariam ser fichados, na tentativa de evitar ou mesmo otimizar algum trabalho futuro, ou o apego ao vem-e-vai infinito de revisões e reescritas do texto, tentando driblar cobranças da banca.
Então, eu considero que grande parte do meu trabalho nos atendimentos individuais é identificar, no processo de escrita e na rotina de produtividade da pessoa, o que de fato é um problema e o que é uma expectativa de problema.
Esse processo de identificação, pode até parecer óbvio, mas não é nada fácil.
É duro perceber que, no momento, o problema que existe é falta de apoio da orientação, que faz com que a pessoa se sinta insegura, e não consiga tomar decisões, e não a falta de referências nas bases de dados. Ou que o problema que existe é a dificuldade de definir tarefas de escrita, e não a falta de uma grande hipótese de pesquisa;
Ou, ainda ter que se dar conta de que a atividade de escrever gera tanto sofrimento, tanta dor, que qualquer outra tarefa parece mais interessante, mas que, ao mesmo tempo, se dedicar a outras coisas não alivia a culpa do “deveria estar escrevendo”;
Enfim, as situações são variadas, diversas e sempre muito singulares, assim como o que leva a pessoa a direcionar a atenção para esses problemas imaginários, mas, o que tenho percebido ao longo dos anos é que, com grande frequência, esse comportamento está atrelado à dificuldade de reconhecer e validar as suas questões.
É quase um escape.
Resolver problemas grandiosos na nossa cabecinha vai sempre soar mais satisfatório e sexy do que ter que reconhecer o verdadeiro pavor que sentimos de fazer um tantinho por dia.
Enfim, se eu tivesse que escolher apenas um “comando” para qualquer processo de escrita, seria exatamente esse: identificar e resolver problemas que realmente existem, no momento presente, por mais bobos que eles possam parecer.
Lembrando que “a escrita", esse grande monstro, é apenas o resultado de uma série de tarefinhas e ações quase irrelevantes se consideradas individualmente.
Acompanhamento individual consultivo e estratégico. Agende a sua conversa diagnóstica.

